quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para entendermos melhor....

Iniciarei com o quadro dos filósofos pré-socráticos, conteúdo destinado aos 1os. e 3os. anos do Ensino Médio, não deixem de ler e estudar os temas abordados.



Retomando as atividades

Depois de muito tempo irei retomar o blog, considero que é um veículo de comunicação sensacional, que precisa ser retomado.

Para começar bem, um texto para o 1o. ano, do Ensino Médio.
O texto foi escrito por Daniel Braga dos Santos e está publicado em http://llpefil-uerj.net/texdidat/420-2012-a-filosofia



O que queremos dizer quando nos referimos à filosofia? Encontrar uma resposta para esta pergunta pode ser o maior o primeiro o maior problema quando nos comprometemos a estudar esta disciplina. Ao longo da extensa história do pensamento humano, já foram atribuídas a ela diversas definições, muitas delas, para seus autores, finais e completas. Essas diferentes teorias podem gerar confusão, o que de maneira alguma é algo ruim, pois pode significar o início de uma busca por esclarecimento, o que já é uma parte importante a ser desenvolvida no processo filosófico.
 Uma das definições da filosofia é encontrada quando buscamos o significado na língua grega, berço da filosofia. Podemos dividir a palavra filosofia entre philia (amizade, amor) ou philos (amigo, amante) e Sophia (sabedoria, conhecimento). Assim a filosofia significaria amor à sabedoria, sendo o filosofo o amante do conhecimento. Nesse sentido, é procurado passar a ideia de alguém que ativamente busca o conhecimento, em oposição aquele que já o encontrou, sendo este último visto com suspeita pelo primeiro. Isso faz com que a filosofia coloque em questão explicações ditas finais, como, por exemplo, a místico-religiosa.
 Na verdade, um dos fatores mais importantes para o nascimento da filosofia foi a narrativa mística, na forma do mito. Ou melhor, a crescente incapacidade da narrativa mítica, na Grécia antiga, de responder as questões que estavam sendo colocadas pelos cidadãos daquela época. Aqui também cabe explicar melhor a separação dentre estes dois modos de entendimento, o mítico e o filosófico. O título de mito pode ser dado a todo relato, geralmente contendo algo de fabuloso, ocorrido em um tempo imemorial, remoto e quase sempre impreciso, sem possibilidade de verificação. São narradas histórias de homem e deuses, seres que existiam no início, ou mesmo antes, dos tempos, sendo considerados, muitas vezes, como o início ou fundamento de uma sociedade ou mesmo da humanidade em geral. Assim, o mito também nasce da necessidade de explicação, das questões humanas sobre o que ocorre no mundo a sua volta, tendo como maior função explicar esses ocorridos, como os fenômenos naturais. Mas estes seriam explicados de uma forma sobrenatural, como no exemplo dos fenômenos naturais, um trovão seria mandado por um deus, ou seria ele mesmo um deus. Acontecimentos, para eles, fantásticos, seriam atribuídos a seres igualmente fantásticos. O que realmente importa para validar essas respostas é unicamente a crença.
 Nesse ponto, vemos o contraste com o pensamento filosófico, que busca explicar estes mesmo acontecimentos por um viés mais racional, sendo o questionamento sempre estimulado, procurando explicar todos os pontos possíveis, adotando um compromisso com a clareza. O filósofo observa o que existe ao seu redor de forma crítica, refletindo criticamente obre estes ocorridos, aplicando seu próprio método para chegar a uma resposta universal. Enquanto o mito, a espiritualidade é um conjunto de pesquisas, práticas e experiências que constituem, não para o conhecimento, mas para o sujeito, para o ser mesmo do sujeito, o preço a pagar por ter acesso à verdade, a filosofia é a forma de pensamento que se interroga sobre o que permite ao sujeito de ter cesso à verdade, a forma de pensamento que tenta determinar as condições e os limites de acesso do sujeito à verdade. Aqui, podemos notar uma espécie de semelhança com as ciências.
 A filosofia também tem procedimentos a serem seguidos, hipóteses a serem testadas, resultados para se buscar e experimentos para conduzir. Um filósofo, assim como um cientista em sua busca particular em qualquer domínio especial do conhecimento, em suas investigações, também costuma se cercar de livros, os consultando a cada instante, sentado em sua biblioteca, trabalhando em sua mesa, estudando as muitas opiniões dos outros grandes pensadores anteriores a ele. O objetivo da filosofia seria entender o mundo de uma forma mais geral, perpassando todos os conhecimentos, tudo que seria possível questionar, incluindo os objetos de estudo das outras ciências, como a física e a química, tendo estas como objetivo o conhecimento mais profundo de seus respectivos temas. O filosofo parece, então, adotar, também, uma postura científica. No entanto, podemos notar um grande problema nesta associação.
 As ciências apresentam um processo de desenvolvimento gradual. Soluções são encontradas para grandes problemas que afligem a humanidade, grandes mistérios são solucionados e, mesmo que ainda existam muitas questões sem uma resposta científica válida, podemos esperar que, nos baseando na longa história das ciências, outros cientistas futuros surgiram com novas soluções. Estes resultados, quando alcançados desse modo, com a obtenção de provas científicas, alcançam um alto grau de legitimidade. Mesmo que se argumente que a ciência nunca poderá ter todas as respostas, é inegável que houve algum tipo de avanço. Sabemos, efetivamente, muito mais sobre a natureza do que nos primeiros séculos. Levando isso em conta, vemos que o mesmo não ocorre com a filosofia. O simples fato da filosofia ainda não ter conseguido ao certo se autodefinir obriga pensadores a despender um grande esforço para superá-la, sempre voltando a essa questão.
 Na filosofia, discutimos hoje as mesmas questões que eram discutidas no tempo de Platão. Quando se parecia se chegar um consenso sobre a resolução de um problema, o mesmo vinha novamente, sendo mais uma vez reconsiderado e discutido. Como nada é tomado como pressuposto, as soluções passadas são entendidas como insuficientes e tudo deve ser recomeçado para que se chegue a uma resposta satisfatória. Em face disto, podemos chegar a conclusão de que não existem progressos reais na filosofia. No entanto, esse problema ocorre justamente por tentarmos mascarar a filosofia, vendo-a como ciência, ou melhor, como uma ciência como as outras.
 A filosofia é mais bem encarada como uma postura, como um a aproximação diferente aos problemas do que um conjunto de respostas para estes mesmos problemas. A lógica filosófica nos dá uma forma eficiente de colocarmos nossas idéias em ordem. Quando afirmamos algo, somos exigidos por outros a apresentar argumentos, apresentar alguma razão para dizer o que dizemos. O outro pode aceitar nossos argumentos ou apresentar outros, que o levaram a uma conclusão diferente. Esse método de argumentação, base de um modelo de discussão, é um dos modos de se fazer filosofia.
 Esse fazer filosófico é o que se apresenta de mais importante dentro da filosofia. O estímulo do senso crítico, a reinterpretação da vida cotidiana, a problematização do que poderia parecer familiar ou natural. Todas essas são características do fazer filosófico, talvez o que, ao invés da filosofia, seja o que possa ser realmente aprendido, e que se torna uma postura cada vez mais importante de se adquirir diante de uma sociedade tão complexa quanto a nossa.